domingo, 19 de maio de 2024



em alguma desordem

no azul onde cintila o dia
alguém me olha
escondido
me despe e teme minha nudez
pressuposta
pois
em alguma desordem
nas cores que habitam o dia
eu me mostro e me rasgo
- um outdoor que não se vende
*
minha nudez é um labirinto
e minha pele
um mar de afagar
vendavais
em alguma desordem
me sinto indigna
desse azul
mas finjo ser
um cardápio a se degustar
cru
em alguma desordem
alguém opta pelo cinza
e pelo contraste
tendo todas as cores disponíveis
- morre de medo de mim,
com razão
... em alguma desordem nós feras
não sabemos
quem é o caçador perverso da aldeia
quem é a caça em noites de lua cheia
em alguma desordem
fica suspenso
o verso
talvez eu,
talvez você,
talvez nenhum dos nós...
talvez¿
rosa ataíde

terça-feira, 7 de maio de 2024

o tato e o poro



o mais aberto 

o mais dado


o mais explorador

o que mais sente


exposta ao lado a catapora mãe 

na anca, cicatriz 

que arrepia toda extensão da pele


ao toque suave do dedo

que desbrava 

o corpo

exposto à meia luz 


desliza ainda o tato

o entorno esbarrando outros tantos poros 

entre cafrios


pressiona o que cobiça memorizar 

e mais uma vez o toca

o experimenta


...e segue caminho

ventre à fora

ao encontro de onde se perder


- a perdição

me diga...

é sempre necessária ao encontro?


que o diga 

teu dedo mais atrevido 


rosa a.