quarta-feira, 29 de junho de 2022

peau



A ideia da pele sobre a pele, progride, avança dia a dia. Não se seduz para espanto! O desejo que aqui, antes velado busca haver no chão, um espaço. Contrariando sentenças, pousa insistente e consumidora de toda noção de apetite ou razão a que se faça estas ditas ideias. 

Assim, pele sobre pele, não há ainda ato, apenas intento. Ao progredir, esta mão discorre a tocar suave cada nota deste seio em arrepio. 

Desperta! Encontra entonação e afinidade... Nota próximo, o manifestar das atitudes de quando a  pele encontra a pele e transcende. Deixa fluir o corpo excitado, extenso à entrega. Não só devaneias a saciedade.


rosa ataíde


me cativa?

eis a lésbia,

a poética,

a habitante destes delírios


que divago

mas não firmo

a coragem de deitar


e se renego por coragem 

ou medo?

não sei  -

mas digo –


ela é a mesma que se deita

comigo

e encaro frente ao espelho

cio pós cio


rosa ataíde


lentamente

Vaga sua nudez

in lost

diante de minha

despida euforia.


Vibro,

eu ardente por seu

corpo sobre o meu.


Cálida

a noite desponta

maliciosa.

Instigada!

Que demore

alvorecer o dia.


rosa ataíde

intenções



intento tua língua

tateando a minha

causando suspiros

intento tua língua

docemente em minha tez

tatuando tua marca

teu efeito e tinta

intento ainda  sem saber se certo

ou se desconcerto

teu sêmem e saliva

indo de encontro ao meu gozo 

saciando meu cio


rosa ataíde

fome

 a fome

que tenho

é na alma


a fome 

que tenho

é na pele

comovente

que te atrai


devoradora

a fome

que vem 

é a mesma

que vai


a fome que 

você não vê 

nem sente 

e não satisfaz 

rosa ataíde

Flor


 

penetra a vulva carne

/ardor

invade a pálida face

/rubor

goteja a tátil pele

/suor

provoca narinas aguçadas

/odor

desabrocha aos dedos

abastada de sensações


...tão flor

rosa ataíde

(Eugênia)

te como e possuo

a catar letras

em pele carmesim

a delírio


no devorar

que te engulo

e  faço

prato frio

onde escrevo

tua carne viva

- rubra tez -


segrega em mim

o jorro íntimo

préstimo

a esta tez

...e alucino

rosa ataíde

dedal

 visto

sempre um dedal

que me cabe

perfeito


e das inutilidades

dele, não vou

nem além

nem aquém

de um cabedal


e

entre as pernas

outros dedos

nus

é que me acendem

em devaneios


o desfastio


rosa ataíde


de-flor-ar

 o desejo a- Flor-ado

gemia

contorcido 

entre os ferros e os corpos 

da cama 

distorcidos


pairava no ar 

na pele

a margem da saia

rendada que despia

como de-Flor-ar

da Flor quando phodia


rosa ataíde


encantamento

 o som da pele

sobre outra pele

sonoro

ecoa


esparge

por entranhas

e encanta

estranhas

em ébano

brilho


e tremo

ao cerne

outra canção

outra melodia

novo timbre


o meu corpo esfria

tanto - ao ponto -

que em mim garoa


rosa ataíde


dissoluta

sejam minhas

as suas juras

mais ordinárias

sussurre ao  pé

de meu ouvido

seu amor e desventuras


seja minha flor

seja meu espinho

em qualquer momento

oportuno / propício


seja meu deleite

onde eu possa

esquecer

o meu suplício


acordar dia a dia

sem ter pecados

       /ser quase santa

       /ser quase morta

       /e não ser fria

       /ser cínica

com pensamentos de Antoniel

levar vida de Adélia


este suplício dos meus dias 

por não ter tropeçado 

e em ti deixado 

o meu vestígio


rosa ataíde


digitais


comunicação em rede

provedor banda larga

rede wi-fi


relacionamento

enter / chat

avatar

web can

perfil popular


entusiasmos

manhã, tarde, noite

todos insones

todos insanos


e o amor tarda

nos corações onde

nada arde


/impressão digital


e o tão sonhado

o gozo

enfim


e ainda assim

descontentamento

insatisfação

pessoal


rosa ataíde


aderentes

 sonhei nós dois

aderindo

um no outro

entre lençóis

de seda


era como

uma dança,

nosso amor


fluíamos num único

contexto


-corporais-

em nós nada oscilava

e nossas temperaturas

eram iguais


evidentes

uma extensão

de tesão,

corpo e pensamento


éramos asas

sincrônicas

brilhantes


aderentes ao prazer

irrefutáveis

de nossos corpos

galopantes


rosa ataíde

so-letra-me

este corpo 


soletrado.


condensa-se 


primeiro 


na palavra 


s - u - o - r...


e recompõe-se 


em toda poesia que inspira




sua língua 


sobre minha pele 


desliza


para onde se esconde


o ápice de meu 


alfabeto


a letra em ponto


G


este corpo


é um acróstico


com rima onde




C-ortejo você à minha cama


O-rvalhada sirvo-te de ama


R-echeada de quereres 


P-udores e ardoreres


O-sco nu de prazeres.



rosa ataíde



este corpo já se revelou


sonetos


indrisos


hacais


cartas


contos


ensaios


poetrix


este corpo já periciado em prosa 


quer mesmo


é vibrar e arder num dueto!


confesso

 - descoberto -

o tesão

mostra

o lume

da palavra

a

c

a

r

i

c

i

a

Dora


- desperto -

o

i n e b r i a n t e

quando jorra

o gozo em

faces

vermelhas

descaradas

confessoras


rosa ataíde


Banhados pelo luar


entreabertas as pernas, aquece o falo. Paco, teso e rijo... dispara um grunhido. a lua  testemunha a cópula. gravetos ressecados se partem  fazendo uma sinfonia provocadora. pós o regalo Paco desce a face até a vulva esfolada... numa chupada provocadora causando um gozo na moça que treme e geme.

a lua ornou
nossa noite de prazer
iluminada

sua boca
beijou minha úmida
fenda ...quente

suspirei, gemi...
foi prazer que recebi,
ao sentir você

o luar banhou 
nosso coito fogoso,
parecíamos solares

(nós que iluminávamos a lua)

rosa ataíde

zelo


dedico a pele
toda carícia
toda saliva
ardores e delícias

inda que orgia
seja

dedico a pele
pálpebras a piscar
óleos essenciais ylang ylang
seios ofegantes e rijos

dedico a pele
o arrepio
fluídos
e toda sensação
que possa causar
as curvas e desvios

dedico a ti, esta pele
o desejo que proporciono
...a liberdade de viver cada cio

rosa ataíde

contemplação

 

vestida de minha mudez
prostrei-me ao seu corpo cálido
em  noite ávida de nós

a água corre aquecida
entre nossos corpos  trêmulos e sôfregos
inebriando o luar

...respiramos o prazer revelado

pós coito virginal

rosa ataíde

Punção


este lábio carnaúba
me devora
como se alimento fosse

carne viva

punção nas veias
aflita por sangrar
a seu deleite
minha essência

e quando vazia
estanque o corte
e cubra o que sobrar

rosa ataíde

certezas


por todo corpo noite...
arte cega
casta

este corpo
em disparate
galga
todo corpo
num vértice
ilusório
de um pensar.
ruminante

decoro
em que recobra
cada corpo
ponderando
o leito
ao aliar
a vontade
destes 
corpos
vestidos
um do outro

vestígios
nesta insólita
noite de
vigores
e certezas!

rosa ataíde

doído


atenta ao desejo
que se fez evidente

de certo
não recusaria
minha boca úmida quente 
que no pesar da tolice
o suga insistente

visto que
entre as bocas tolas
há um – ai –
demente:

ai, ai, ai

até onde ceder 
entra, mete 
enfia com força
mas não minto
depois de arder

cu-ra

rosa ataíde

embate


a verga
que entre as pernas
se ergue
fascinada

a tez
que se gaba
pelo prazer
de todos
o maior
o mais cobiçado

o regalo
no entra e sai
do corpo
num pequeno espaço
úmido encanto
escavado

rosa ataíde