mirar o ponteiro mudo
Impróprios e Eróticos
domingo, 19 de maio de 2024
bússola quebrada
em alguma desordem
terça-feira, 7 de maio de 2024
o tato e o poro
o mais aberto
o mais dado
o mais explorador
o que mais sente
exposta ao lado a catapora mãe
na anca, cicatriz
que arrepia toda extensão da pele
ao toque suave do dedo
que desbrava
o corpo
exposto à meia luz
desliza ainda o tato
o entorno esbarrando outros tantos poros
entre cafrios
pressiona o que cobiça memorizar
e mais uma vez o toca
o experimenta
...e segue caminho
ventre à fora
ao encontro de onde se perder
- a perdição
me diga...
é sempre necessária ao encontro?
que o diga
teu dedo mais atrevido
rosa a.
domingo, 21 de abril de 2024
o corpo mulher
o corpo pulsar
nascentes
vermelhos dos dias tensos e quentes
âmnio que envolve o nascer a semente
afeto, instinto que materna aleitamento
suores lágrimas, mares, ponto de partida
entre as pernas
o corpo mulher
vendavais
perfume de mulher
cabelos a tracejar dorsais caminhos
labirintos
o corpo mulher fogo
acende
aquece
simula faiscas suspensas
forja
vida, outro corpo à gerar
o corpo mulher terra
- é de abalo sísmico este corpo?
a provocar
o corpo que a quer
adentrar e se perder
- é de lascívia este corpo?
o corpo mulher
abrigo de feras
em suas matas
a desbravar clarões
tempestades e bonança
mas que não cede à luta
o corpo mulher que pede
e clama e aceso chama
- venha, fazer Amor comigo
- e apaziguado o corpo
faça nascer enfim
...tempos de Paz
ou o fim de todos os tempos
quando o corpo goza e pleno
faz entontecer seus amantes
Varal
lavo a roupa
enxugo as lágrimas
torço o nariz
me viro do avesso
fico suspensa ao ar pregada numa corda
para que uma brisa me seque
e a plenitude me ultrapasse
mas meu corpo... garoa
rosa a.
...Amor
não se dá nome às putas
as putas são doadoras do gozo
à elas é dado o direito ao anonimato
e nem seus nomes de guerra devem ser revelados
pois tal ato fazem dela amantes
como sei?
fui traída com algumas e nunca soube
seus nomes, tamanha a perversidade da traição
nem eu era amada, sequer elas seriam
segredo velado? ou caridade dada a quem te traz o ejaculado, pago?
eu devia ter perguntado
se fosse uma
exigiria o gozado direito de gozar em sua boca...
clemente que me fosse dado um nome
daria-te meu gozo em face, como um brinde
um gif de prazer em caso de cam ligada
como queres que eu goze?
em teus dedos no caso de você sentir o meu úmido sexo?
em sua língua ao me lamber até que eu convulsione?
em teu pau, ao sentir você firme, e tão teso, e tão úmido
pingando o pré gozo?
queres saber como gozo?
te convenceria o dizer apenas?
- gozo assim, gozo deste jeito...
sem te olhar nos olhos, numa luta
entre pudor e desejo
ou queres saber como uma puta goza de verdade
ou se eu,
sou puta ao me dar?
afinal amor
és inexperiente... ou cliente assíduo de uma puta só?
nesse caso dê nome a prima, sim
pois isso já não é comércio ou luxúria...
é amor, é fé na dama santa
que ganha o pão nas esquinas
fantasiada de boneca
enquanto você não se satisfaz na fonte de meu corpo
que a ti é dado por partes articuladas
pequenos pedaços de mim
que mostro despudorada flor despetalada
uma puta casta
uma imagem surreal de quem está de fato em pedaços
diante uma câmera ligada no modo contínuo
um disparate
na noite solitária de um quarto
Rosangela Ataíde
quarta-feira, 29 de junho de 2022
peau
A ideia da pele sobre a pele, progride, avança dia a dia. Não se seduz para espanto! O desejo que aqui, antes velado busca haver no chão, um espaço. Contrariando sentenças, pousa insistente e consumidora de toda noção de apetite ou razão a que se faça estas ditas ideias.
Assim, pele sobre pele, não há ainda ato, apenas intento. Ao progredir, esta mão discorre a tocar suave cada nota deste seio em arrepio.
Desperta! Encontra entonação e afinidade... Nota próximo, o manifestar das atitudes de quando a pele encontra a pele e transcende. Deixa fluir o corpo excitado, extenso à entrega. Não só devaneias a saciedade.
rosa ataíde
me cativa?
eis a lésbia,
a poética,
a habitante destes delírios
que divago
mas não firmo
a coragem de deitar
e se renego por coragem
ou medo?
não sei -
mas digo –
ela é a mesma que se deita
comigo
e encaro frente ao espelho
cio pós cio
rosa ataíde
lentamente
Vaga sua nudez
in lost
diante de minha
despida euforia.
Vibro,
eu ardente por seu
corpo sobre o meu.
Cálida
a noite desponta
maliciosa.
Instigada!
Que demore
alvorecer o dia.
rosa ataíde
intenções
intento tua língua
tateando a minha
causando suspiros
intento tua língua
docemente em minha tez
tatuando tua marca
teu efeito e tinta
intento ainda sem saber se certo
ou se desconcerto
teu sêmem e saliva
indo de encontro ao meu gozo
saciando meu cio
rosa ataíde
fome
a fome
que tenho
é na alma
a fome
que tenho
é na pele
comovente
que te atrai
devoradora
a fome
que vem
é a mesma
que vai
a fome que
você não vê
nem sente
e não satisfaz